Manifesto de defensoras e defensores de Direitos Humanos com a Bancada Feminista do PSOL

MANIFESTO

A escolha pelo modelo coletivo de candidatura surge da necessidade de romper com a maneira personalista e messiânica de se fazer política! Pode não parecer, mas a ideia é bem simples: acreditamos que somente a coletividade é capaz de alcançar a maior parte das lutas e desafios de um Brasil marcado pela desigualdade.

Em busca da mudança no cenário, propomos que São Paulo seja o espelho da mudança. Para transformarmos nossa cidade, portanto, a defesa dos direitos humanos é fundamental. Tomamos como carro chefe dessa campanha eleitoral a mudança desse cenário tão violador, que pressiona os mais fracos e desprotege àqueles que mais deveriam contar com a proteção do Estado.

Em um primeiro plano, destacamos a urgência da defesa intransigente dos direitos humanos diante da pandemia provocada pela COVID-19, que transformou São Paulo em um dos centros da atual crise de saúde, econômica, sanitária e social. Atravessamos um mar de violações e mortes que não são novidade, mas que com a pandemia demonstraram a fragilidade dos nossos direitos sociais mais elementares como emprego, saúde, educação, transporte, e moradia.

É importante destacar que não há luta por direitos humanos em São Paulo que não seja feminista e antirracista. São os negros e negras de nossa cidade os mais afetados por esta crise, e as estatísticas demonstram isso de forma objetiva: são os(as) que mais morrem pela COVID-19 e os(as) mais atingidos(as) pelo desemprego e pelo trabalho precário.

Como se não bastasse, negros e negras também são os maiores alvos da violência policial, que aumentou significativamente durante a pandemia no estado de São Paulo, ainda que os registros por crimes patrimoniais tenham diminuído. Por isso, defender direitos humanos precisa ser sinônimo de dizer que vidas negras importam. É necessário fazer ecoar os gritos antirracistas das ruas: nem bala, nem COVID-19, a juventude negra quer viver!

As mulheres negras e periféricas vivenciam a atuação do Estado apenas pelo luto provocado pela letalidade policial que interrompe a vida de seus filhos. Ao mesmo tempo, encaram jornadas incessantes entre trabalhos precários, tarefas domésticas, cuidados com os filhos e idosos, ou no deslocamentos exaustivos pela cidade. São raros os apoios governamentais para a garantia da sobrevivência, tendo em vista a ausência de vagas nas creches, e a ineficácia das políticas de redução e combate à violência doméstica.

Ainda, para as transexuais, o preconceito aprofunda a dificuldade de inserção no mercado de trabalho formal, além da hostilidade cotidiana da população em relação a seus corpos, e da violência policial, como no emblemático caso de Verônica Bolina, mulher transexual que foi torturada e despida em uma carceragem masculina na cidade, após um surto psicótico.

Não podemos nos esquecer também de que em São Paulo, indígenas e quilombolas têm suas terras ameaçadas pelo racismo ambiental. A escolha de bairros para, por exemplo, instalar aterros sanitários, não é aleatória. No bairro de Perus, que guarda densidade populacional alta, moradores tiveram que organizar por iniciativa própria um movimento para evitar o cheiro do lixo em suas casas, sem qualquer suporte estatal. Outro exemplo a ser lembrado, carente de gestão governamental, é o da aldeia da etnia Guarani Mbya, situada no bairro do Jaraguá, que é ameaçada de despejo pela especulação imobiliária na busca da preservação de uma área que já foi alvo da derrubada de quatro mil árvores.

Em meio a um vasto cenário de violências cotidianas, o povo negro e periférico resiste e quer contar a sua própria história. São inúmeras manifestações de arte produzidas nas periferias paulistanas, que pulsam criatividade e vida com rap, funk, grafiti, danças, entre outras manifestações culturais que desafiam, inclusive, a concepção de arte e cultura. Mesmo assim, as tentativas de criminalização são sistemáticas, como no caso do massacre no baile funk de Paraisópolis em 2019. Lembramos ainda de todo o desincentivo do Estado para com as criações artísticas da periferia, que apenas sente na pele o lado violento de sua atuação. Isso precisa mudar: o fim da violência e criminalização da arte é urgente, bem como a proposição de projetos de incentivo à criação.

Por fim, além da defesa radical dos direitos humanos, é também necessário proteger e estar ao lado de seus valiosos ativistas. Após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) em 2018, vivemos uma escalada da violência política e perseguição a defensores de direitos humanos, instaurando um clima de permissividade dos ataques da extrema-direita. É verdade que a conjuntura é adversa, e que os desafios aos que resistem são enormes, mas, a esperança pela transformação só vem da luta, união e resistência coletiva.

Nós, ativistas de direitos humanos e cidadãos que atuam no sistema de justiça – advogados e advogadas, professores e professoras universitários, servidores e servidoras do Judiciário, jornalistas, e agentes de segurança pública – entendemos ser fundamental que a Câmara Municipal de São Paulo seja ocupada por pessoas comprometidas com a defesa intransigente dos direitos humanos e comprometidas com a transformação social e racial da cidade.

Por isso, manifestamos o nosso apoio a candidatura coletiva Bancada Feminista do PSOL (50900), formada por Silvia Ferraro, mãe e professora municipal; Paula Nunes, advogada criminalista e ativista do movimento de mulheres negras; Dafne Sena, advogada e ecossocialista; Carolina Iara, travesti negra, intersexo e ativista do movimento HIV/AIDS; e Natália Chaves, jovem negra, tradutora e ecossocialista.

Assinam:

Adriana Maria Silva – Assessora

Adriany de Avila Melo Sampaio – Professora

Ana Carolina Guerra – Estudante de Direito

Ana Clara de Sousa Mendes Ferreira – Estudante de Direito

Ana Lucia Marchiori – Advogada

Ana Luiza do Couto Montenegro – Advogada

Andre Kehdi – Advogado

Anna Clara Costa – Estudante de Direito

Bárbara Marco Vias – Advogada

Beatriz Correa dos Santos – Estudante de Direito

Beatriz de Santana Prates – Oficiala de Defensoria Pública

Bruno Colares – Advogado

Camila Fieri – Estudante de Direito

Carolina Bianchini Bonini – Pesquisadora

Carolina Freitas – Advogada e Pesquisadora

Carolina Pazzoti Toni – Estudante

Caroline Gois Chaves – Advogada

Cassio Aurelio Lavorato – Advogado

Danielle Klein – Estudante de Direito

Deborah Cavalcante – Advogada

Dina Alves – Advogada

Eidy Lian Cabeza – Advogada

Emmanuel Cais Burdmann – Advogado

Érica Meireles de Oliveira – Servidora da Defensoria Pública de SP

Fernando Goes Torrecillas – Médico

Gabriel Dayoub – Pesquisador

Gabriel Mantelli – Professor de Direito e Advogado

Gabriella A Buen – publicitário

Giancarlo Vay – Defensor Público do Estado de SP

Giovana Labigalini Martins – Advogada

Giovanna Manssur – Estudante de Direito

Giuliana Costa – Estagiária do Escritório Modelo da PUC-SP

Gleice Antonia de Oliveira – Historiadora/Professora

Guilherme Prescott Monaco – Advogado

Gustavo Huppes – Internacionalista

Gustavo Soares Formenti – Estudante de Direito

Helena Duarte Marques – Advogada

Igor Leone – Advogado

Isabela Callegari da Silva – Estudante de Direito

Isabela Claro – Estudante de Direito

Jaqueline Estelita Alves dos Santos – Estudante de Direito e estagiária

João Paulo de Godoy – Advogado

Jorgiana Paulo Lozano – Advogada

Josianne Pagliuca dos Santos – Advogada

Julia de Moraes Almeida – Advogada

Juliana Oliveira de Paula – Advogada

Kátia Regina Cezar – Servidora Pública

Kelseny Medeiros Pinho – Advogada Popular

Kenarik Boujikian – Desembargadora aposentada do TJSP

Leonardo Danesi – Advogado

Leonardo Massud – Advogado criminal e Professor de Direito Penal da PUC-SP

Lívia Possi – Advogada

Letícia Oliveira – Diretora-geral do Centro Acadêmico XI de Agosto – Direito USP

Lucas Ferreira Cabreira – Advogado

Lucas Gabriel – Estudante de Direito

Lucas Marques Gonçalves Lopes – Advogado

Luciana Boiteux – Advogada e Professora de Direito

Luciana Elena Vázquez – Cientista social

Luisa D’Avola – Advogada

Luiza Buchaul – Jornalista

Marcelo Campos Farinha – Estudante do Ensino médio

Marco Aurélio Barreto Lima – Advogado

Maria Fernanda Cardoso de Oliveira – Servidora Pública

Mariana Coimbra – Advogada

Mariana Faria Dias – Estudante de Direito

Mariana Lins de Carli Silva – Advogada

Michele Prado – Estudante

Nadine Guedes – Estudante de Direito

Nicole Grande Saenz Martinez – Advogada

Paula Telles – Advogada

Pedro Dotto – Professor e pesquisador

Pedro Fernando Borges – Estudante e estagiário de Direito

Pedro Muniz – Advogado

Pedro Serrano – Professor de Direito na PUC-SP

Rafael Carlsson Gaudio Custódio – Advogado

Rafael K. Coltro – Advogado

Raissa Melo Soares Maia – Ativista de direitos humanos e advogada

Raquel Rolnik – Professora na FAU USP

Roberta de Lima e Silva – Advogada

Rodrigo Bertolozzi Maluf – Servidor do Tribunal de Justiça de São Paulo

Rodrigo Faria G. Iacovini – Advogado e urbanista, coordenador da Escola da Cidadania do Instituto Pólis

Rosuita Bonito – Professora Aposentada

Sidvera Aparecida Resende – Professora

Simone Henriquez – Advogada e pesquisadora

Takao Amano – Advogado

Tauana Silveira Barbosa – Estudante de Direito

Thais Faria dos Santos – Estudante de Direito

Thales Migliari – Estudante de Direito

Thamyris Appel – Advogada

Vaneide – Aposentada

Viviane Pereira de Ornellas Cantarelli – Advogada

Wânia Guimarães Rabello de Almeida – Advogada

Ynajara Valentini Gonçalves – Estudante e estagiária de Direito

Yolanda de Salles Freire Cesar – Defensora Pública do Estado de São Paulo

Assine o manifesto defensoras e defensores de direitos humanos

(Divulgaremos apenas os nomes das pessoas que assinaram o manifesto. Os outros dados ficarão bem guardados com nossa equipe).

leticia lé

Jovem negra e nordestina, advogada especializada em direitos humanos. Formada na primeira turma de cotistas da Faculdade de Direito da USP, onde é fundadora do Laboratório de Estudos Étnico-Raciais. Ativista do coletivo “Afronte!” e do movimento negro.

DAFNE sena

Advogada criminalista, mãe do Martin e autista com diagnóstico tardio. Militante ecossocialista e parte da coordenação da Frente São Paulo Pela Vida. Participou da resistência popular contra as revisões do Plano Diretor e da Lei de Zoneamento da cidade. Desde 2021, é covereadora da Bancada Feminista do PSOL.

naiara do rosário

Jovem negra e periférica, pedagoga e mãe da Sol. Liderança comunitária no fundão da zona Sul da cidade, educadora nos cursinhos populares da Rede Emancipa e coordenadora da Casa Emancipa do Grajaú.

SILVIA FERRARO

Ativista em defesa da educação pública, professora de História da rede municipal de ensino e mãe da Victoria. Iniciou sua atuação política na luta contra a ditadura militar, participando da Pastoral da Juventude e do movimento estudantil secundarista. Candidata ao Senado em 2018 e, desde 2021, covereadora da Bancada Feminista do PSOL.

NATHALIA SANTANA

Mulher negra, bissexual e vegana, formada em engenharia ambiental. Defende os territórios e comunidades tradicionais frente ao racismo ambiental e enfrenta a emergência climática com justiça racial. Militante ecossocialista e da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo.

Sirlene Maciel

Professora, sindicalista e sambista nas horas vagas. Nasceu no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo. Filha de um gráfico e uma tecelã, trabalhou no comércio, em supermercado, em telemarketing e como professora nas redes estadual e municipal de São Paulo. Desde 2008, leciona Língua Portuguesa e Literatura no Centro Paula Souza, na Etec Prof. Aprígio Gonzaga e na Etec Tereza Nunes. É mestra em Estudos Literários pela Unesp Araraquara. Possui experiência nas lutas em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Atualmente, é presidenta da Ateps (Associação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Centro Paula Souza). Foi diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), gestão 2001-2003. Participou da Executiva da Apeoesp de Guarulhos e do Conselho Geral do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais de Educação do Município de SP).

Paula Nunes

Advogada criminalista e defensora de direitos humanos, tem a segurança pública como uma de suas principais pautas. Iniciou sua militância no movimento de juventude e no movimento negro em 2012, integrando a gestão do Centro Acadêmico 22 de Agosto do Direito PUC/SP, além de ter ajudado a construir coletivos de combate ao racismo, como a Coalizão Negra por Direitos, o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e a Frente Pró-Cotas nas universidades estaduais paulistas. Na adolescência, fez parte da coordenação do grupo de jovens da Igreja Santo Antônio de Lisboa, na Zona Leste de São Paulo, e da Juventude Palotina do Brasil. É ativista da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo e do movimento de juventude Afronte, e foi covereadora com a Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo (2021-2023).

Silvia Ferraro

Covereadora pela Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo. Professora de História da rede municipal de ensino, mãe e ativista da frente Povo Sem Medo e do movimento feminista. Sua militância política começou já na adolescência, a partir do movimento estudantil, da Pastoral da Juventude e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Começou a dar aulas na escola pública com 20 anos e, desde então, construiu uma trajetória de luta em defesa da educação. Foi candidata do PSOL ao Senado em 2018, quando obteve mais de 208 mil votos só na capital, a maior votação do partido na cidade. É membra do Diretório Nacional do PSOL.

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Paula Nunes

Advogada criminalista e defensora de direitos humanos, tem a segurança pública como uma de suas principais pautas. Iniciou sua militância no movimento de juventude e no movimento negro em 2012, integrando a gestão do Centro Acadêmico 22 de Agosto do Direito PUC/SP, além de ter ajudado a construir coletivos de combate ao racismo, como a Coalizão Negra por Direitos, o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e a Frente Pró-Cotas nas universidades estaduais paulistas. Na adolescência, fez parte da coordenação do grupo de jovens da Igreja Santo Antônio de Lisboa, na Zona Leste de São Paulo, e da Juventude Palotina do Brasil. É ativista da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo e do movimento de juventude Afronte, e foi covereadora com a Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo (2021-2023).

Mariana Souza

Cientista social com habilitação em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas. Militante ecossocialista, bissexual, vegana popular e educadora. Cria do ABC, fez parte de uma candidatura coletiva à vereança de Curitiba, em 2020. Foi servidora pública municipal das secretarias de Educação dos municípios de Santo André e Mauá. Também atuou no Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar do Paraná (CECANE/UFPR), e como mediadora de conflitos socioambientais; entre outras atividades profissionais e militantes ligadas ao direito à cidade, à soberania alimentar e por justiça ambiental, social e climática.

Carolina Iara

Carolina Iara é mulher intersexo, travesti, negra e vive com HIV/aids. Foi covereadora da Câmara Municipal de São Paulo com a Bancada Feminista do PSOL. É mestranda em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC e pesquisa sobre empregabilidade de pessoas negras que vivem com HIV. É assistente de políticas públicas da Secretaria Municipal de Saúde (onde trabalhou por 7 anos com vítimas de violência doméstica e sexual) e é militante do Coletivo Loka de Efavirenz, da Rede de Jovens São Paulo Positivo (RJSP+), dos movimentos de HIV/AIDS e LGBTQIA+, e da Associação Brasileira Intersexo (ABRAl) a qual ajudou a fundar. Também é escritora e poeta.

Carolina Iara

Carolina Iara é mulher intersexo, travesti, negra e vive com HIV/aids. Foi covereadora da Câmara Municipal de São Paulo com a Bancada Feminista do PSOL. É mestranda em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC e pesquisa sobre empregabilidade de pessoas negras que vivem com HIV. É assistente de políticas públicas da Secretaria Municipal de Saúde (onde trabalhou por 7 anos com vítimas de violência doméstica e sexual) e é militante do Coletivo Loka de Efavirenz, da Rede de Jovens São Paulo Positivo (RJSP+), dos movimentos de HIV/AIDS e LGBTQIA+, e da Associação Brasileira Intersexo (ABRAl) a qual ajudou a fundar. Também é escritora e poeta.

Dafne Sena

Covereadora pela Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo. Advogada criminalista de formação, foi trabalhadora de aplicativos, é militante ecossocialista, vegana por um veganismo popular e integra a Coordenação Estadual da Setorial Ecossocialista do PSOL.

Natália Chaves

Covereadora pela Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo. Militante ecossocialista e pelo veganismo popular. Formada em Letras, é tradutora, tendo contribuído com a Revista Jacobin. Participa do Coletivo Anticapitalista por um Veganismo Acessível e Livre de Opressão (C.A.V.A.L.O.) e da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo.